A investigação liderada pela Universidade de Utrecht, com o apoio da WWF e da Wildlife Conservation Society (WCS), publicada na revista científica Nature, a 10 de abril de 2024, sublinha a eficácia das medidas implementadas nas áreas florestais certificadas pelo FSC, na salvaguarda da vida selvagem.

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© Joeri Zwerts / Utrecht University

 

Principais descobertas: as florestas certificadas pelo FSC são um refúgio para mamíferos de grande porte

Ao contar meticulosamente e individualmente os animais e posicionar estrategicamente armadilhas fotográficas, a pesquisa conduzida por Joeri Zwerts confirmou que as concessões certificadas pelo FSC, abrigam notavelmente uma população maior de mamíferos de grande porte – 2,7 vezes mais para mamíferos com mais de 100 kg, como gorilas e elefantes, e 2,5 vezes mais para mamíferos de 30 a 100 kg, como leopardos e chimpanzés – quando comparados a áreas não certificadas pelo FSC. 

Para além disso, o número de mamíferos de grande porte observados nas florestas certificadas pelo FSC, são comparáveis aos dados publicados de áreas protegidas recentemente monitorizadas na região da Bacia do Congo. 

Por outro lado, o número de mamíferos de pequeno porte observados, foi semelhante entre concessões certificadas pelo FSC e não certificadas – já que os grandes mamíferos são geralmente as primeiras espécies a desaparecer devido à caça furtiva – contribuindo para um quadro de menor biodiversidade, devido a práticas florestais insustentáveis realizadas em florestas não certificadas. Os efeitos foram semelhantes tanto na República do Congo como no Gabão.

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© Joeri Zwerts / Utrecht University

 

Ligação clara entre a caça e a perda de biodiversidade

A pesquisa enfatiza o papel central da caça furtiva na perda de biodiversidade, destacando a escassez de sinais desta prática e o aumento de vestígios de vida selvagem em áreas certificadas. As medidas proativas das entidades florestais certificadas, como bloquieo de antigos caminhos florestais, a criação de postos de controlo e o apoio a fontes alternativas de proteína para as populações locais, reduziram significativamente a caça ilegal. Como resultado, as comunidades que vivem em torno das áreas certificadas pelo FSC, consumiram menos carne selvagem, o que reduziu o risco de propagação de doenças de origem selvagem.

Para além da conservação da vida selvagem, o estudo destaca o impacto positivo mais amplo da certificação FSC. A preservação de mamíferos de grande porte influencia positivamente a dispersão de sementes, o ciclo dos nutrientes e o armazenamento de carbono florestal. Num estudo de 2019 publicado na Nature Geoscience, os investigadores estimaram um potencial de 7% menos carbono em florestas tropicais, sem a presença de elefantes.

Gestão florestal responsável: a chave para a preservação da biodiversidade

O estudo mostra como as práticas florestais responsáveis podem contribuir para a conservação das populações de mamíferos de grande porte e para a proteção das florestas tropicais existentes.  Em larga escala, as comunidades locais obtêm rendimentos económicos e sociais da gestão florestal certificada, por oposição a atividades desflorestação associada à produção de óleo de palma ou o cultivo de soja. 

De acordo com Joeri Zwerts, este estudo – o primeiro a comparar tantas áreas florestais diferentes ao mesmo tempo – "este foi um projeto grande e ambicioso que levou cinco anos e envolveu centenas de colaboradores locais. Tivemos de convencer empresas certificadas pelo FSC e não certificadas, a participar do estudo. Foi um trabalho árduo em condições desafiadoras, mas o conhecimento que adquirimos dará uma contribuição importante para a proteção dos animais nas florestas tropicais." 

Kim Carstensen, Diretor Geral do FSC International, disse: "O estudo da Universidade de Utrecht reforça os princípios fundamentais do FSC e o nosso compromisso com a gestão florestal responsável. Esta pesquisa afirma o papel vital da certificação FSC na promoção de diversos ecossistemas e na proteção de espécies ameaçadas nas florestas tropicais, beneficiando as comunidades locais e o meio ambiente."

Para o Dr. Peter Alele, Diretor Regional do FSC África, "O estudo na Bacia do Congo, um pulmão verde vital do nosso planeta, destaca o papel crítico da certificação FSC na gestão responsável e sustentável dos recursos naturais. As suas descobertas fornecem evidências convincentes, de que as soluções do FSC capacitam os governos a alcançar as metas nacionais e internacionais de combate à desflorestação e conservação da biodiversidade, ao mesmo tempo que promovem melhores meios de subsistência para as comunidades locais. Esta abordagem vantajosa para todos, oferece um caminho claro para um futuro sustentável para a Bacia do Congo e mais além.”

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© Joeri Zwerts / Utrecht University

 

Metodologia: vigilância rigorosa revela insights convincentes

Conduzido por Joeri Zwerts e a sua equipa, o estudo publicado na revista científica Nature usou 474 armadilhas fotográficas, em 14 áreas florestais - sete certificadas pelo FSC e sete não certificadas - na bacia do Congo. Ao longo de três a quatro anos de trabalho de campo (período de monitorização de dois a três meses por área), estas armadilhas fotográficas captaram 1,3 milhões de imagensaproximadamente 55 espécies de mamíferos, incluindo leopardos e gorilas, bem como várias espécies ameaçadas.

Para resposta a eventuais perguntas, por favor contactar: media@fsc.org

Para mais informações, consulte o estudo completo publicado na revista científica Nature a 10 de abril de 2024.