Num cenário de incêndios florestais cada vez mais severos, impulsionados pelas alterações climáticas e pela acumulação de vegetação, a WWF Portugal lidera um movimento crucial para a criação de uma Agenda Comum para a Floresta. Este documento, resultado de uma sessão de trabalho conjunta que reuniu técnicos e dirigentes de diversos setores – Administração, Academia, ONGs, Associações de Produtores Florestais e Agrícolas, Baldios e Empresas, e que contou com contributos de entidades como AG PEPAC, Agência para o Clima (ApC), Agrobio, BALADI, Grupo Brisa, Centro PINUS, CoLAB ForestWISE, DGT, Faixas Vivas, FSC Portugal, ICNF, INIAV, MONTIS, Palombar, Universidade do Algarve e WWF Portugal, apresenta um conjunto de recomendações urgentes e estratégicas para quebrar o ciclo de grandes incêndios que ameaçam pessoas, bens e o património natural do país.

Apesar de uma redução no número total de incêndios nos últimos 20 anos, a sua intensidade tem vindo a aumentar drasticamente. A homogeneidade das paisagens, sobretudo a norte do Tejo, com elevadas cargas de combustível e a predominância de minifúndio, cria um cenário de alto risco. O abandono do território agrava ainda mais a situação, perpetuando um ciclo vicioso que exige uma intervenção multifacetada e integrada.

O documento da WWF Portugal destaca a necessidade imperativa de valorizar e gerir o uso do solo de forma integrada e à escala da paisagem. A gestão florestal tem progredido, mas ainda há um longo caminho a percorrer para uma gestão eficaz do risco e para o cumprimento dos critérios de certificação florestal. As faixas e parcelas de gestão de combustível, embora existentes, precisam de melhor dimensionamento e maior interligação com os meios de combate para serem verdadeiramente eficazes. Adicionalmente, a remoção indiferenciada de vegetação pode gerar conflitos com a conservação de habitats protegidos, sublinhando a necessidade de critérios de gestão mais adaptados.

Face a estes desafios, foram formuladas recomendações específicas para o Governo e Setor Público, Setor Privado, Sociedade Civil (proprietários, associações, comunidades) e Academia e Centros de Investigação.

"A prevenção de incêndios exige muito mais do que intervenções pontuais ou respostas reativas à emergência" afirma Joana Faria, Secretária Executiva do FSC Portugal, e continua "Implica uma transformação à escala do território, da sua gestão e da relação da sociedade com o uso agrícola, florestal e pecuário. Esta Agenda Comum para a Floresta é um ponto de partida para uma visão partilhada e integrada, onde proteger é também restaurar, valorizar e envolver. Porque a floresta do futuro começa nas decisões que tomamos hoje, e a certificação FSC pode ser uma das opções a seguir."

O documento da WWF Portugal representa um compromisso coletivo para a construção de um território mais resiliente, valorizado e protegido contra a ameaça dos grandes incêndios. A sua implementação dependerá de um compromisso político duradouro, um quadro de governança revisto, modelos de gestão inclusivos e um investimento sustentado.