Panamá acolhe a 10ª Assembleia Geral do FSC Internacional

A cerimónia de abertura contou com um discurso notável de Sua Excelência Sr. Juan Carlos Navarro, Ministro do Meio Ambiente do Panamá, que enfatizou a importância do FSC:

"Para mim, o Forest Stewardship Council é absolutamente insubstituível. É o caminho a seguir, e precisamos de torná-lo obrigatório globalmente. (...) Não pode haver gestão florestal que não seja sustentável."

O Ministro salientou que os "acordos exigem maturidade, flexibilidade e inteligência", reforçando que "o peso do mundo está sobre os nossos ombros" e que "o mundo não pode esperar". A visão do Panamá de promover a certificação FSC, em breve se tornará realidade no país, tendo sido assinado um Memorando de Entendimento entre o Ministério do Meio Ambiente da República do Panamá e o FSC, abrangendo todo o património florestal Estatal do Panamá.

Esta visão e compromisso, deu o mote para a semana de trabalho, que começou com uma celebração da natureza liderada pelo povo indígena Kuna do Panamá.

Nesta Assembleia Geral, o foco virou-se para o futuro, com o plenário a explorar o papel do FSC no clima e na biodiversidade, em preparação para a Estratégia Global 2027–2032. As discussões debruçaram-se sobre como a gestão florestal responsável pode fortalecer a resiliência num mundo em mudança. Especialistas de renome partilharam as suas perspetivas para ampliar o verdadeiro valor das florestas.

Reuniões paralelas debateram visões futuras para a gestão florestal, atualizações às normas do FSC e o papel da juventude no próximo capítulo da organização. Portugal, teve aqui um papel de destaque, com a participação de Joaquim Teodósio, membro internacional na Câmara Ambiental em representação da SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, na sessão sobre “HCVs in FSC: Strategic importance & oportunities”, destacando o trabalho a nível nacional na preservação dos Altos Valores de Conservação (AVC): “Em Portugal, cerca de 50% dos AVC´s não estão abrangidos por outros instrumentos de conservação que não seja a certificação FSC e isso prova a relevância no sistema para a preservação de espécies ameaçadas e habitats prioritários”, mencionou.

Gabriel Viera, membro Internacional na Câmara Social em representação da FORESTIS -  Associação Florestal de Portugal, foi um dos oradores na sessão “FSC Needs You(th): Education, Research and Expectations”, demonstrando a relevância de trazer mais jovens para o sistema: “Destaco a importância e a necessidade do FSC integrar, engajar e reconhecer o papel da juventude nos processos de decisão e inovação do sistema FSC, reforçando que a gestão florestal responsável deve ser intergeracional, inclusiva e orientada para a ação climática.”

Para falar sobre produtos florestais não lenhosos e serviços de ecossistemas,  Susana Brígido, membro internacional na Câmara Económica, em representação da 2BForest, participou na sessão “Innovation in NTFP and ecosystem services certification for smallholders”, apresentando a realidade nacional nestas matérias: “Em Portugal, 92% do território é privado, e a sua grande maioria, gerido por proprietários de pequena dimensão, o que torna a certificação ainda mais desafiante. O procedimento dos Serviços de Ecossistemas e os produtos não lenhosos, no entanto, dão a estas pessoas as ferramentas necessárias para uma correta gestão e uso múltiplo da floresta”. Susana Brígido, apresentou ainda a ferramenta ForestSIM e a certificação pioneira de mel, a nível da Ibéria. 

A Assembleia Geral contou com a participação de mais dois investigadores portugueses, Luís Miguel Rosalino e Gonçalo Matias, que partilharam a sua experiência na sessão “Science in FSC, FSC in Science”, nomeadamente o impacto das plantações florestais nas comunidades de mamíferos e como o FSC, conserva efetivamente a biodiversidade, ao mesmo tempo que apoia a produção florestal sustentável.

É de notar que a Exposição de Cartazes da AG 2025 do FSC contou também com o poster “Cortiça FSC: uma escolha natural”, decorrente do projeto internacional de promoção liderado pelo FSC Portugal, sobre a gestão responsável do Montado e da cadeia de valor da cortiça. Esta exibição encontra-se igualmente online, sendo possível encontrar várias ideias inovadoras sobre o futuro das florestas, aqui.

A representação nacional não ficou por aqui. Paulo Chaves, Embaixador de Portugal na Cidade do Panamá, encontrou-se com a delegação de membros portugueses e representantes do FSC Portugal e Internacional, ressalvando a qualidade e o compromisso de Portugal com a gestão florestal responsável e com as boas práticas ambientais. Esta foi uma excelente oportunidade para reforçar o papel do nosso país neste contexto global e para criar novas pontes de colaboração internacional.

Um novo relatório da Newsweek, tendo por base o Inquérito Global ao Consumidor 2025 do FSC e Ipsos, revelou que as preocupações associadas  às alterações climáticas estão a diminuir em países como os EUA, China e na Europa Ocidental, à medida que a guerra, a instabilidade económica e as doenças ganham precedência.

Subhra Bhattacharjee, Diretora Geral do FSC Internacional, observou que a incerteza global criou uma "ilusão de sentido de agência de que podemos fazer algo a respeito", pois "as pessoas estão a lidar com múltiplas crises". O relatório sublinha a necessidade de reconstruir a confiança e de ligar a ação climática à realidade quotidiana das pessoas para renovar o impulso global em direção a um futuro mais sustentável. Subhra Bhattacharjee ainda referiu: “A minha primeira conclusão é que precisamos de comunicar de forma diferente. (…) Precisamos de ir ao encontro das pessoas, onde elas estão, e discutir o clima em termos do que isso significa para a vida quotidiana, o que significa em termos de ações concretas.”