Como diz um velho ditado holandês, Deus criou o mundo, mas os holandeses criaram os Países Baixos. Amesterdão, uma cidade célebre pela sua intrincada rede de canais, sempre lutou contra as águas que moldam e põem em perigo a sua identidade. Nascida dois metros abaixo do nível do mar, a cidade dos canais é vulnerável à subida das marés do Mar do Norte. Confrontados com um desafio único, os holandeses criaram uma solução inovadora para manter a sua cidade à tona: gerir os níveis de água através de um sistema de comportas.
Estas comportas são feitas de madeira da floresta tropical da Bacia do Congo, atravessando o Atlântico e o Mar do Norte antes de chegar ao porto de Amesterdão. A partir daqui a madeira é transportada para oficinas especializadas que produzem comportas duráveis e resistentes à água.

Talvez se questione sobre o que acontece às florestas tropicais de onde provém esta madeira. A Bacia do Congo é a segunda maior floresta tropical da Terra, a seguir à Amazónia. No entanto, enfrenta ameaças constantes, como a conversão de terras para a agricultura, a pecuária e as infraestruturas. Perder este pulmão verde não é uma opção, pois teria consequências fatais para a precipitação no Sahel e no Norte de África, levando a milhões de migrantes climáticos.
A atribuição de valor económico à floresta, tornando-a tão valiosa como as terras cultivadas e uma fonte de rendimento local, incentiva a sua preservação. A chave final reside na gestão florestal responsável, que cuida da floresta da Bacia do Congo, das suas comunidades locais e da longínqua cidade de Amesterdão nos próximos anos. Por conseguinte, Amesterdão e as cidades que escolhem a madeira certificada pelo FSC para a construção de comportas, pontes e laterais de canais desempenham um papel na conservação da floresta tropical da bacia do Congo.
