No coração de Bosco Limite, Sara Belpinati está ocupada com uma panela de pipocas. Ao seu lado, Giulio, de dois anos, está vestido com uma gabardina. A poucos passos de distância, um abrigo de madeira oferece-lhes um lugar para escapar à chuva, brincar e aprender. Sara é professora em Raìse, um jardim de infância na floresta onde as aulas são ditadas pelos acontecimentos naturais que podem ser observados entre as árvores.

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© FSC/2023/Elettra Gallone

Se esta escola existe, é em parte graças a Lucio Brotto, um gestor florestal que resistiu firmemente à pressão para converter estas terras em terrenos agrícolas. Desde então, o seu objetivo tem sido restaurar uma floresta em vias de desaparecer - e conseguiu. Ao fazê-lo, transformou também o Bosco Limite num reservatório de água. Uma intrincada rede de canais abastece agora as comunidades vizinhas com água, durante a escassez do verão. No inverno, esses mesmos canais alimentam as raízes da floresta, mantendo o solo húmido.

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© FSC/2023/Elettra Gallone

Noutro canto tranquilo do vale do rio Pó, uma comunidade protege, há 800 anos, a floresta “Bosco delle Sorti della Partecipanza”. Para o efeito, a recolha de madeira é feita à vez entre os seus coproprietários. Ivano Ferrarotti, o chefe da comunidade, leva-nos através da história da sua “floresta geracional”, um lugar tão entrelaçado com a vida dos habitantes locais, que se sente como parte das suas próprias famílias.

Não muito longe, Gabriele Ceresatto passeia de bicicleta pelo Bosco delle Lame, seguindo os trilhos à sombra das árvores. Com os seus companheiros de associação, encontra nestes bosques um equilíbrio entre paixão, ligação à natureza e uma sensação de paz. Salienta que isto só é possível desde a década de 1990. Até então, a floresta tinha quase desaparecido.

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© FSC/2023/Elettra Gallone

Cinco pessoas, cada uma envolvida em atividades diferentes, mas todas parte do mesmo quadro. As florestas do Vale do Pó são um recurso precioso para as pessoas e comunidades que nelas vivem e delas beneficiam diariamente. Estas bolsas de floresta requerem proteção contra a expansão agrícola, que tem dominado o Vale, durante séculos.