Cortiça FSC: uma escolha natural

A cortiça é um material nobre, de valor incalculável. Casca do sobreiro, uma árvore protegida em Portugal. A cortiça é naturalmente uma peça da natureza. Mas melhor que cortiça, só mesmo a cortiça FSC! Este material quando certificado FSC significa sustentabilidade, tornando-se assim uma escolha natural.

cortiça FSC

Cortiça FSC : sustentável por natureza, certificada por convicção.

A cortiça é um material renovável, nobre e reciclável: é um pedaço da natureza. Este material, quando certificado pelo FSC, é sinónimo de sustentabilidade, tornando-se uma escolha natural e mais responsável. Descubra AQUI a história da cortiça.

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Descortiçamento: um processo da natureza

De nome científico Quercus Suber L., o sobreiro é uma árvore da família do carvalho, cultivada na bacia do mediterrâneo, sobretudo no sul da Europa e norte de África, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Tunísia, Marrocos e Argélia. Esta árvore tem uma longevidade média de cerca de 150 a 250 anos e têm a especificidade de gostar de solos pobres e de ter folhas reativas à secura com poros que se fecham e reduzem as perdas de água por transpiração durante o tempo seco.

O sobreiro é uma espécie protegida por lei em Portugal, pelo que o seu abate não é permitido, a não ser que seja por razões fitossanitárias ou por indicação das Entidades Oficiais do Governo. Por isso, o descortiçamento não implica o corte das árvores.

cortiça1Em Portugal existem cerca de 556 mil hectares de floresta certificada FSC, dos quais cerca de 150 mil hectares são Montado de sobro, representando 19 por cento do total da área de Montado existente em Portugal, e 42 certificados da Cadeia de Custódia para as empresas da cortiça (Maio, 2023). Registe-se, ainda, que os certificados para a cadeia de custódia da fileira da cortiça a nível mundial são já de 582 titulares de certificados (e 817 sites/empresas), em todas as regiões do globo.

Uma das particularidades mais interessantes do sobreiro é a produção de uma casca exterior homogénea, formada por um tecido elástico, impermeável e isolante térmico: a cortiça. A homogeneidade da cortiça resulta do felogénio do sobreiro se manter em atividade durante toda a vida da planta, em contraste com as outras árvores, onde o felogénio é descontínuo e tem uma duração anual. A cortiça pode ser extraída, sem danificar a árvore, voltando a ser regenerada. A cortiça é um material 100% natural, reciclável, reutilizável e renovável, que possui qualidades únicas e inigualáveis.

Abrir. Separar. Traçar. Extrair. Descalçar. Marcar. Estes são os 6 passos desta atividade manual a que chamamos descortiçamento. Desde fim de maio até início de agosto, que o sobreiro se encontra na sua fase mais ativa de crescimento, e é quando permite que a sua casca seja retirada do tronco. A tiradia da cortiça só pode ser feita depois da árvore atingir 25 anos, e desde que tenha 70 cm de perímetro, o qual é medido a 1,3 metros do solo (DAP – diâmetro à altura do peito). A partir do momento que se faz a primeira extração, o sobreiro pode ser descortiçado de 9 em 9 anos.

Este é um trabalho que requer um enorme respeito pela natureza, porque acima de tudo a proteção da árvore é o principal foco, evitando que esta seja danificada. Trata-se de um espetáculo único e ímpar, digno de ser assistido, pelo menos, uma vez na vida.

O FSC tem um papel fundamental, não só na gestão da floresta de sobro ao longo dos anos, mas especialmente nesta época de descortiçamento, pois é quando se colhem os resultados das boas práticas implementadas no terreno. A sustentabilidade do Montado passa, cada vez mais, pela adoção de boas práticas de gestão florestal, sendo a certificação FSC uma mais-valia na implementação das mesmas, através dos seus Princípios e Critérios.

Descortiçar: um trabalho naturalmente artesanal

descortiçamentoO descortiçamento do sobreiro é um processo ancestral que só pode (e deve) ser feito por especialistas: os descortiçadores. Também conhecidos como Tiradores, estes profissionais têm que ter a mão bem afinada para darem a machadada certa que corte a cortiça, mas não a árvore. O machado é feito especificamente para esta atividade, tendo um cabo em madeira com uma cunha para levantar a cortiça.

O descortiçador é um especialista que tem habilidade manual e muita experiência, e sabe, perfeitamente, quando pode e como pode extrair a cortiça. Sabe também como retirar do sobreiro a maior prancha de cortiça, pois só assim o seu valor comercial é superior. Ele conhece o sobreiro e a cortiça como a sua própria vida. E sabe também que quando a propriedade é certificada, esta tarefa tem de ser feita tendo em conta os Princípios definidos pelo FSC.

Este é um dos trabalhos agroflorestais mais bem pagos em Portugal, pelas suas especificidades técnicas. O Princípio 2 do FSC, é também bastante importante neste âmbito, pois defende a proteção dos trabalhadores e das condições de trabalho, bem como o pagamento de salários que correspondam ou excedam os padrões mínimos, entre outros.

Também na vertente social, as comunidades locais estão a beneficiar da certificação FSC, porque está a ser gerado mais rendimento (de uma forma geral, a cortiça certificada FSC vale mais 50 cêntimos por arroba, unidade de medida que usamos para a cortiça e que equivale a 15kg).

Cortiça: um recurso naturalmente interessante

A cortiça é a casca do sobreiro, um tecido vegetal 100% natural, constituída por milhões de células microscópicas com a forma de alvéolos pentagonais ou hexagonais, as quais apresentam características físicas e químicas únicas.

cortiçaA impermeabilidade a líquidos e gases, a compressibilidade, a elasticidade, o isolamento térmico e acústico, a combustão lenta, a antiestaticidade e hipoalergenicidade, a resistência ao atrito e a durabilidade, são as principais características deste material.

Esta estrutura alveolar composta por mais de 60% de um gás idêntico ao ar, dá-lhe a leveza e a elasticidade tão apreciada pelos vários setores de atividade.

A composição química da cortiça é essencialmente composta por suberina, uma mistura de ácidos orgânicos a partir da qual são formadas as paredes das suas células, impedindo a passagem de água e de gases, e cujas propriedades são notáveis, pois é praticamente infusível e insolúvel na água, no álcool, no éter, no clorofórmio, no ácido sulfúrico concentrado, no ácido clorídrico, etc.., o que permitiu que a cortiça se tornasse na estrela do setor vitivinícola, ao facilitar o processo de vinificação.

Este conjunto de “micro-almofadas”, proporcionam à cortiça a compressibilidade, a elasticidade e a falta de condutividade térmica tão apreciada pelos diversos setores de atividade, sendo por isso muito procurada para a produção e criação de vários produtos utilizados no nosso dia-a-dia, como é o caso da rolha de cortiça, dos utensílios de cozinha, do calçado, do vestuário e acessórios de moda, dos materiais desportivos, e até mesmo do foguetão.

A Certificação FSC de Gestão Florestal e de Cadeia de Custódia FSC, permite às empresas rotular os seus produtos, permitindo assim que o consumidor identifique e escolha produtos que apoiam uma gestão florestal responsável e sustentável. Esta certificação verifica a rastreabilidade de materiais e produtos certificados, de origem florestal, desde a floresta, passando pela cadeia produtiva, e até ao produto final, ou no caso dos materiais reciclados, desde o local de recolha, até ao consumidor final, oferecendo garantias quanto à implementação de um sistema de gestão com a subscrição de compromissos de responsabilidade social e ambiental.

Respeito natural pelos trabalhadores e comunidades locais.

descortiçadoresHoje, mais de 760 empresas de cortiça em todo o mundo são certificadas pelo FSC.

Estas empresas são protagonistas no desenvolvimento de práticas que respeitam as florestas, os trabalhadores e as comunidades locais na indústria da cortiça e no desenvolvimento económico do seu território, potenciando a criação de muitos empregos locais diretos e indiretos.

Nesta vertente social, as comunidades locais beneficiam da certificação FSC, pois é gerado mais rendimento, uma vez que, regra geral, a cortiça certificada FSC vale mais 50 cêntimos por arroba, que a cortiça não certificada (arroba é a unidade de medida usada para a cortiça e que equivale a 15kg).

Além disso, os Titulares de Certificado apontam igualmente como benefícios do FSC, a “verificação de terceiros, imagem, eficiência, mais lucro, acesso a novos mercados, melhoria na gestão florestal”.

Portanto, trabalhar com o FSC permite que produtores e pequenos proprietários melhorem a sua gestão florestal, com ganhos significativos em eficiência e também em termos económicos.

“Achamos que a certificação FSC é importante para o mercado, é importante para o planeta (…) e isso inspira-nos a fazer esse caminho, a proteção do ambiente, da floresta e portanto dentro deste caminho é uma filosofia própria, mas achamos que os mercados deveriam olhar, caminhar connosco, porque de facto é a única forma de dar vida às florestas.” diz José Gomes, Diretor-geral da Euro2.

Os muitos e sustentáveis usos da cortiça

rolha de  cortiçaA cortiça, considerada o "ouro português", é um material utilizado há milhares de anos, como comprovam os registos históricos encontrados na China, Babilónia, Grécia, Pérsia e na Roma antiga.  Associamos a cortiça imediatamente ao vinho, sendo a rolha o ex-líbris deste setor. Nos dias de hoje, e devido à evolução das indústrias, a cortiça tem uma aplicação muito mais abrangente, sendo o seu uso infinito quanto a imaginação, podendo ser adequada aos mais variados usos, como por exemplo:

  • como isolamento e pavimento, no setor da construção;
  • em mobiliário e objetos de design usados na decoração de interiores;
  • no desporto, em tapetes de yoga, em bolas de golf, badminton e de futebol;
  • em transportes e aeronáutica, como é o caso de caiaques, barcos, composições de metro e até mesmo em naves espaciais;
  • em utensílios domésticos, tal como as bases para quentes tão frequentemente utilizadas na cozinha;
  • no calçado que usamos diariamente;
  • em vestuário e acessórios de moda, como é o caso das malas.

Leveza, elasticidade, flexibilidade, flutuabilidade, impermeabilidade e isolamento térmico, acústico e vibrático, são algumas das propriedades que permitem a aplicação da cortiça, e a sua combinação com outros materiais, em inúmeros produtos e aplicações.

As rolhas de cortiça são o principal produto, com 70% do volume de negócio do setor e os restantes 30% são utilizados para a produção dos mais diversos produtos. Esta reinvenção do setor deveu-se à necessidade de reutilizar a restante matéria-prima que não era usada na produção da rolha, e isso representa cerca de 70%. Assim, é fundamental que haja uma circularidade deste material, permitindo que não haja desperdício em todo o processo produtivo. Até mesmo o pó da cortiça é conduzido para a produção de biomassa, gerando energia para as empresas. Este é um conceito 100% sustentável de um setor que visa mostrar ao mundo a forma responsável com que usa o seu "ouro".

Porém, para ter cortiça natural a longo prazo e garantir a sustentabilidade do recurso, não basta pôr em prática esta circularidade, mas é igualmente fundamental que a cortiça seja proveniente de florestas geridas de forma responsável. Os Montados de sobro certificados pelas normas FSC protegem as massas florestais, a biodiversidade, os serviços de ecossistemas e facilitam o desenvolvimento rural.

“Hoje podemos dizer que para além das rolhas, produzimos também isolamentos de cortiça, produtos para a construção e decoração, como produtos para o mobiliário, calçado, e para muitas outras atividades, inclusivamente para áreas muito inovadoras que pretendem, cada vez mais, produtos sustentáveis e benéficos para a sociedade e para a própria floresta. A cortiça, de facto, é o nosso ex-líbris, é uma espécie de ouro, costumo dizer também que é uma especiaria portuguesa, e a Sedacor orgulha-se de desenvolver precisamente toda a sua atividade procurando cimentar em produto em Portugal, como o melhor produto que nós temos para o Mundo.” refere Albertino Oliveira, Responsável de Marketing do grupo JPS

Proteção natural da biodiversidade

biodiversidadeEm termos de benefícios ambientais, recordemos que o Montado de sobro é um dos 36 hotspots de biodiversidade do mundo, com eles e graças a eles, vive uma variedade de biodiversidade vegetal e animal.

Mais de 37 espécies de mamíferos, 160 espécies de aves e 24 espécies de répteis e anfíbios, bem como espécies emblemáticas e ameaçadas dos ecossistemas mediterrânicos como a águia imperial, o lince ibérico e a cegonha-preta, consideram os Montados o seu lar.

De acordo com as normas do FSC, os proprietários florestais precisam planear e monitorizar todas as atividades de forma a que possam fazer a diferença para estes altos valores, o que também permite identificar e proteger novos. Um estudo recentemente realizado em áreas certificadas, foi identificado que cerca de 48% dos Titulares de Certificado não possuem outra ferramenta para proteger os seus Altos Valores de Conservação (AVCs) (Rede Natura 2000, RNAP, etc.), o que significa que provavelmente não estariam protegidos sem a certificação FSC, e cerca de 66% dos Titulares de Certificado consideraram que a abordagem dos AVCs contribuiu para uma gestão correta em termos de valores ambientais e culturais, avaliação de impactos socioambientais, consulta às partes interessadas e formação dos trabalhadores.

Na zona mediterrânica, este é um ecossistema relevante em termos de interação entre as pessoas e a natureza, e como já referido, contribuindo para o trabalho e rendimento de milhares de comunidades locais e permitindo a conservação de espécies e habitats em vias de extinção.

Mais recentemente, assistimos também ao interesse, dos proprietários florestais dos Montados de sobro, pelos Serviços de Ecossistemas, não só pelo impacto da gestão na biodiversidade, mas também porque se estima que o Montado possa fixar até 14 milhões de toneladas de CO2/ano, e isso pode ser potencializado com a certificação FSC.

Após a extração da cortiça, a atividade biológica do sobreiro aumenta e a sua absorção de CO2 multiplica-se entre 3 e 5 vezes. Isto faz do sobreiro um reservatório de carbono exemplar e um grande aliado na luta contra as alterações climáticas.

Os sobreiros previnem a erosão e a perda de solo e contribuem para regularizar os recursos hídricos, conservando a água, tornando-se grandes combatentes contra a desertificação.

"Sustentável por natureza" é o lema usado no setor da cortiça, com um papel ímpar no combate à desertificação e alterações climáticas. Mas todos sabemos que a sustentabilidade da floresta vai para além disso…. É aqui onde o FSC aporta valor ao Montado! O FSC garante a implementação de boas práticas de gestão florestal, que o torna cada vez mais eficiente em termos de sustentabilidade.

Num produto que é percebido pelo público como sustentável, devemos enfatizar a importância da gestão florestal responsável e como isso pode levar a uma floresta mais resiliente. Neste momento os Montados de sobro já enfrentam os efeitos das alterações climáticas: seca, novas pragas, etc. Os gestores florestais certificados estão a monitorizar este problema e a implementar práticas de gestão responsável para o resolver, garantindo a sua vitalidade e manutenção.

Na última década, estes habitats naturais têm vindo a degradar-se em resultado de políticas incorretas e de uma gestão inadequada, e a diminuição da área de sobreiro, pode ser crítica no combate e adaptação às alterações climáticas. A certificação FSC pode e está a mudar isso, uma vez que contribui para o reforço da sustentabilidade da economia da cortiça, através da abertura de novas oportunidades de mercado, mas também da sustentabilidade da própria área.

Um recurso social, naturalmente necessário

Sabia que Portugal e Espanha são os principais produtores de cortiça em todo o mundo?

montadoPortugal lidera com aproximadamente 60% da produção de cortiça, seguido pela Espanha com 30%.

O descortiçamento e posterior transformação da cortiça representa em comunidades como o Alentejo, Algarve e Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal, e na Catalunha, Extremadura e Andaluzia em Espanha, uma grande fonte de riqueza e geradora de emprego direto e indireto que permite o desenvolvimento económico e social das zonas rurais de Grande valor.

A certificação FSC nos Montados em Portugal e das Dehesas em Espanha, é sobretudo realizada através de uma certificação de grupo, onde são agrupados diferentes proprietários numa mesma Certificação.

Quais as vantagens da certificação de grupo do FSC?

Maior profissionalização e sustentabilidade da gestão florestal das áreas florestais.

Permite que médias, pequenas e microempresas do setor florestal, adiram à certificação FSC, aumentando a rentabilidade dos produtos que comercializam.

A Certificação de Gestão Florestal FSC permite ainda o desenvolvimento de práticas sustentáveis, junto das comunidades, ​​que promovam o bem-estar social e económico, enquanto protegem as áreas florestais, a sua biodiversidade e os serviços de ecossistemas que fornecem à sociedade.